ANTROPOLOGIA - ÍNDIOS - AMBIENTE

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Mapa Genealógico Terra Indígena Mbiguaçu SC - 2011

(via Pluridoc)

de Viviane Vasconscellos; Diogo de Oliveira



Resumo em Português: Este estudo trata das formas pelas quais os índios Guarani sentem, conhecem e aprendem expresso pela noção de arandu, uma forma de conhecimento sensível que permite a capacidade de “sentir o tempo-espaço ao longo da experiência no clima-mundo”. Tomando o substantivo nhembo’ea, “fazer-se em palavras”, é interpretado como os processos de aprendizagem e a circulação de saberes que é praticada entre os Guarani como uma forma de rezo-oração. Eu convivi com a família de um casal de xamãs (karai) no aldeamento Tekoa Y’? Morotch? Vera (TI Mbiguaçu/SC). O fio condutor metodológico, guiado pelo termo oguerodjera, “criar-se a si mesmo no curso da própria evolução”, foi experienciar o arandu através da participação sensorial. Na primeira parte do estudo verso sobre a presença Guarani no litoral catarinense, especialmente da ocupação de famílias Chiripá e Pa? no sul do Brasil desde o final do século XIX. Apresento um histórico da família estudada e sua iniciativa pela proteção e salvaguarda do patrimônio cultural da etnia. Relaciono esta atividade ao papel histórico do xamã entre os Guarani como líder político e religioso da família, na qual atua como nucleador de resistência da identidade grupal. Na segunda parte, sistematizo minha experiência no arandu com notas sobre a cosmologia solar e o sistema de atribuição das “almas-nome” enquanto categorias construtoras da noção de pessoa na qual nomos e cosmos são co-extensivos. A organização cosmo-espacial é explorada por meio da liderança do casal de xamãs nas atividades cotidianas e nas práticas agrícolas da aldeia. A realização dos cultivos de plantas e as relações familiares possuem um ideal de afecção e conduta regido pelo amor (mborayu), que por sua vez nutre o poder xamânico (py’a-guatchu), permitindo aos karai a reparação da ordem cosmo-social e a condução das curas. Descrevo as cerimônias religiosas e discuto o seu papel sócio-educativo entre os Chiripá, apontando que os processos terapêuticos que estão associados às curas por benzimentos xamânicos, que visam à manutenção do bem-estar psico-social do grupo. Xamanismo é o desenvolvimento de uma faculdade humana que potencializa a afetividade nas relações sociais e se expressa na atividade ritual da comunidade, constituindo o fundamento do arandu nhembo’ea praticado pelo casal de xamãs.


Palavras-chave em Português: arandu, índios Guarani, etnologia, conhecimento, agricultura, aprendizagem, experiência



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